Centro de Diagnóstico e Terapias: Alzheimer e Outras Patologias

Horário : Segunda a Sexta das 09h00 às 19h00
  Contacto : +351 21 750 6010 | info@neuroser.pt

Abordagem da Neuropsicologia na Doença de Parkinson

O comprometimento cognitivo afeta muitas pessoas com doença de Parkinson. As mesmas alterações cerebrais que levam aos sintomas motores podem também resultar em sintomas não-motores (e.g lentificação do pensamento). Outros factores como o stress, e sintomas psiquiátricos (e.g depressão) podem também contribuir para essas mudanças.

Os sintomas do defeito cognitivo ligeiro (DCL) geralmente não interferem na vida diária (doméstica e no trabalho), sendo muitas das vezes impercetíveis pelos familiares e/ou pelo próprio.

O DCL difere do estado demencial, no sentido em que as dificuldades cognitivas ocorrem em mais de uma área da cognição, levando a uma perda mais grave das habilidades intelectuais que acabam por interferir na autonomia da vida diária. Contudo, embora algumas das pessoas com doença de Parkinson apresentem alguma forma de comprometimento cognitivo, nem todas levam a um diagnóstico de demência.

Algumas das mudanças sentidas podem passar por uma maior dificuldade em concentrar-se em situações que requeiram a tomada de atenção a vários estímulos, como uma conversa entre amigos. Ao enfrentar uma tarefa ou situação, a pessoa pode se sentir sobrecarregada por ter que fazer escolhas (tomada de decisão). Podem também ter dificuldades em lembrar informações ou em encontrar as palavras certas ao falar. Essas mudanças podem variar de pessoa para pessoa, podendo interferir na realização das atividades do quotidiano.

Dificuldades cognitivas na DP:

  • As alterações cognitivas que acompanham o Parkinson no início tendem a limitar-se a uma ou duas áreas mentais, com gravidade variando de pessoa para pessoa. As áreas mais frequentemente afetadas incluem:

Atenção

  • Dificuldade em tarefas complexas que exigem que a pessoa com DP mantenha ou alterne a sua atenção durante uma tarefa (e.g condução).
  • Lentificação na resposta a estímulos verbais ou comportamentais (e.g as pessoas demoram mais tempo para concluir tarefas)

Função executiva

  • Dificuldade a planear e concluir as atividades do dia-a-dia (e.g organizar tarefas semanais);
  • Dificuldades em gerar, manter, mudar e combinar diferentes ideias e conceitos (e.g manter uma conversa com temáticas complexas);
  • Menor flexibilidade na abordagem das tarefas (e.g dificuldade em mudar a resposta na mudança de situação);
  • Maior impulsividade na tomada de decisão.

Memória

  • Anatomicamente falando, as áreas do cérebro que estão afetadas na DP também contribuem para os processos de vários tipos de memória. Neste sentido, dificuldade em realizar tarefas comuns, como fazer café, poderão ser sentidas.
  • As pessoas com diagnóstico de demência podem ainda apresentar problemas de memória tanto a curto como longo prazo.

Capacidades visuo-espaciais

  • Dificuldade em medir a distância entre objetos bem como a profundidade, o que pode interferir, por exemplo, no estacionamento de um carro ou em encontrar a localização do o carro;
  • Durante a DP em fase avançada, em combinação com demência, dificuldades com o processamento de informações do meio externo podem ocorrer.
  • Ligeiras dificuldades ao nível da perceção visual podem contribuir para percepções erradas. Estas alterações poderão ser mais visíveis em situações em que as condições ambientais como a falta de luz (como a noite) ou alterações visuais externas (e.g degeneração macular) estejam presentes.

Algumas estratégias:

  • Realizar as tarefas/atividades do dia-a-dia uma de cada vez;
  • Permitir que a pessoa tenha mais tempo de resposta, seja em executar tarefas ou em resposta a algo;
  • Na presença de múltiplas tomadas de decisão que levam a sobrecarga, auxiliar com respostas de tranquilidade e segurança.