Gaeckle, M., et al. (2019). Predictors of Penetration-Aspiration in Parkinson’s Disease Patients With Dysphagia: A Retrospective Analysis. Annals of Otology, Rhinology & Laryngology 1–8.
Objetivo
O objetivo deste estudo foi investigar se os sinais clínicos de disfagia orofaríngea mais frequentes na Doença de Parkinson, poderão ser preditores de penetração e aspiração de alimentos sólidos e líquidos. Os sinais clínicos considerados foram a alteração do enceramento labial, alteração do controlo oral do bolo, atraso na ativação do reflexo de deglutição e redução da elevação e estabilização laríngea. Foi ainda averiguado qual a influência do volume de líquidos finos ingeridos e da fase de progressão da doença, no risco de penetração e aspiração, com o intuito de efetuar uma avaliação mais precisa desse mesmo risco na Doença de Parkinson.
Introdução
Sabe-se que mais de metade dos Doentes de Parkinson apresentam sinais clínicos de disfagia orofaríngea. A penetração/aspiração é considerada o sinal mais grave de disfagia, podendo consequentemente resultar numa pneumonia de aspiração, uma das principais causas de mortalidade na Doença de Parkinson.
Resultados
Este estudo confirma que o atraso da ativação do reflexo de deglutição e a redução da mobilidade laríngea são preditores de penetração/aspiração na Doença de Parkinson. Acrescenta ainda que, um maior volume de líquido fino ingerido resulta num aumento da penetração/aspiração quando comparado com uma quantidade menor. Apesar da alteração do encerramento labial e a alteração do controlo oral do bolo não terem sido considerados preditores de penetração/aspiração, defende-se estarem estatisticamente relacionados.
Será de extrema pertinência, na avaliação de disfagia na Doença de Parkinson, considerar a presença de atraso do reflexo de deglutição e/ou de redução da elevação e estabilização laríngea uma vez que são indicadores de provável penetração/aspiração. A intervenção terapêutica na Doença de Parkinson deverá abranger o treino sensoriomotor assim como técnicas e estratégias compensatórias, com o intuito de reduzir o risco de penetração/aspiração.
Este estudo permitiu uma melhor compreensão do risco de penetração/aspiração de alimentos na Doença de Parkinson. Esta temática é extremamente pertinente na avaliação e planeamento terapêutico, que visam garantir uma alimentação segura, nutritiva e prazerosa.