Se suspeita que o seu familiar possa estar a desenvolver Alzheimer ou outra demência, é importante consultar um médico de forma a poder obter uma resposta clara.
A consulta médica é importante porque pode permitir estabelecer um diagnóstico precoce, mas também despistar outras doenças que mimetizam a demência, mas que são reversíveis (por exemplo, uma infecção do trato urinário pode causar sintomas semelhantes, mas tem cura).
Assim sendo, o diagnóstico correto por parte de um médico é essencial para que seja possível iniciar a intervenção mais adequada mas também para desencadear um processo de adaptação e preparação do futuro por parte das famílias.
Para que a consulta seja o mais produtiva possível, considere preparar-se da seguinte forma:
- Mantenha um registo das queixas e dos comportamentos pouco característicos do seu familiar:
- A descrição dos sintomas (ex: exemplos de esquecimentos, capacidade de condução alterada, episódio de desorientação espacial);
- A data aproximada do seu surgimento e a natureza da sua progressão (Piorou abruptamente ou foi gradual? Decaiu, recuperou e depois voltou a decair? Piorou mas depois manteve-se estável?).
- Faça uma lista da medicação actual:
- Esta deve incluir tanto a medicação prescrita como vitaminas, suplementos ou produtos homeopáticos que estejam a ser tomados.
- Organize a informação clínica e recolha informação pessoal importante
- Se possível, prepare uma breve lista com datas e natureza dos problemas de saúde passados (ex: internamentos, cirurgias, AVCs) e atuais (ex: diabetes, tensão arterial elevada, níveis de colesterol alterados, patologia cardíaca);
- Procure saber se houve, recentemente, alguma mudança significativa na vida do seu familiar que se possa associar ao seu estado de saúde (ex: ter ficado viúvo, ter saído da casa onde sempre morou);
- Esteja preparado para reportar, de forma sucinta, episódios da vida da pessoa (ex: tempos de escola, evento traumáticos, processo de divórcio complicado).
- Pense em questões para colocar ao médico:
Quanto mais souber, mais capacitado poderá estar para tomar decisões. Sugerimos levar um bloco de notas para poder anotar qualquer indicação do seu médico ao longo da consulta.
Frequentemente, as questões só começam a surgir após a consulta com o médico, quando as pessoas regressam a casa e têm tempo e espaço para “digerir” a informação. De modo a antecipar o frenesim das consultas médicas e evitar que surjam tantas dúvidas, antecipe o que gostaria de esclarecer. É frequente os familiares quererem saber:
- Quais as possíveis causas dos sintomas?
- Que exames podem ser necessários? Quanto tempo pode levar até obter um diagnóstico?
- A condição é, provavelmente, temporária ou crónica?
- O que posso esperar nos próximos 6 meses ou 12 meses?
- Quando devo voltar para uma próxima consulta?
Após a consulta inicial, os resultados dos vários exames complementares pedidos podem ainda demorar. No entanto, estes são essenciais para estabelecer um diagnóstico acertado, excluindo outras causas para os sintomas.
É possível que só numa segunda consulta seja feito o diagnóstico. Caso isso aconteça é importante perguntar:
- Quais as intervenções farmacológicas e não farmacológicas disponíveis? Quais os riscos e os benefícios das mesmas?
- O que devo esperar da evolução da doença?
- Devem ser feitas adaptações no domicílio para garantir a segurança da pessoa?
- Que fontes de informação recomenda se quiser saber mais sobre a doença? Existem alguns folhetos ou materiais de apoio aos quais possa ter acesso?
- Quais os serviços de apoio que existem perto de mim?
Outra questão muito importante na preparação da consulta é a informação que decide transmitir ao seu familiar. Esta varia de caso para caso, no entanto, pode ser útil explicar para onde vai, o que vai fazer e realçar a importância dessa mesma consulta. Não é necessário falar da possibilidade de ter um quadro demencial – é mais importante referir que o que motivou a consulta foram as dificuldades sentidas pelo seu familiar (ex: esquecimentos) e que é importante abordá-las.
Lembre-se que o médico faz parte de uma equipa e que a sua actuação está dependente do que for partilhado com ele. Seja honesto e tente ajudar o seu familiar a explicar o melhor possível os sintomas. Não tenha medo de colocar as questões que achar relevantes e tente sempre obter o máximo de informação possível para poder planear melhor o seu futuro e o do seu familiar.
Texto: NeuroSer