Centro de Diagnóstico e Terapias: Alzheimer e Outras Patologias

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Demência e Deambulação

Qual o seu significado?

O comportamento de deambulação é bastante comum e pode ser muito inquietante para os familiares e cuidadores das pessoas com demência, pois poderá pôr em causa a sua segurança e o seu bem-estar.

O termo deambulação tem como significado “andar sem objectivo”, no entanto no caso das pessoas com demência não corresponde ao real significado deste comportamento.

Na realidade, quando andam, as pessoas com demência têm um sentido, que pode estar relacionado com rotinas antigas (por exemplo: ir trabalhar ou irem buscar os filhos/netos à escola).

No entanto, o declínio das funções cognitivas, como a perda de memória e o as dificuldades de comunicação da pessoa com demência pode levar a que seja incapaz de explicar o motivo pelo qual necessita de andar naquela momento (deambular).

Muitas vezes este comportamento é descrito pelos familiares e cuidadores, como se a pessoa quisesse “fugir” ou estar sempre a “andar de um lado para o outro”. Na realidade, a pessoa anda com um objectivo de fazer algo que fez parte da sua história de vida e das recordações que ainda tem, mesmo que possa não as conseguir verbalizar.

 Quais as causas?

Alteração do ambiente

Uma pessoa com demência pode sentir-se insegura e desorientada num ambiente novo, como por exemplo numa casa nova, numa casa que já não reconhece como sua ou num centro de dia/lar. O comportamento de deambulação pode surgir como resposta a uma mudança de ambiente e pode cessar no caso de a pessoa se habituar à mudança.

O comportamento de deambulação poderá também surgir como fuga a ambientes ruidosos ou movimentados.

Excesso de energia

A deambulação pode ser uma forma de gastar energia em excesso, o que pode indicar que a pessoa necessita de uma maior ocupação no seu dia-a-dia e/ou exercício físico regular adaptado.

Agitação

Face a momentos de desorientação seja ela de que causa for, pode surgir como consequência a agitação. Por vezes, a agitação pode levar a que a pessoa ande de um lado para o outro sem propósito aparente.

Procurar o passado

À medida que a demência progride, as pessoas poderão ficar mais confusas, podendo querer sair de casa em busca de alguém, para irem trabalhar ou de algo relativo ao seu passado.

Expressar o aborrecimento

Com a progressão da demência, torna-se mais difícil para a pessoa concentrar-se durante algum tempo, sendo que deambulação pode ser uma forma de a pessoa se manter ocupada.

Confundir a noite com o dia

A pessoa com demência pode sofrer de insónias ou acordar de madrugada e ficar desorientada. Nesta sequência, pode pensar que é de dia e decidir fazer uma caminhada ou pensar que têm de ir trabalhar.

As dificuldades de visão ou perda de audição podem fazer com que as sombras ou os sons da noite se tornem confusos e angustiantes, pelo que não devem sair sozinhos.

Por outro lado, a incapacidade de diferenciar os sonhos da realidade pode levar a pessoa a responder a algo que sonhou, pensando que isso aconteceu na vida real.

Dar continuidade a um hábito

As pessoas que estavam habituadas a caminhar longas distâncias podem, simplesmente, desejar continuar a fazê-lo.

Desconforto ou dor

O andar pode aliviar um desconforto ou dor que a pessoa possa sentir, sendo por isso importante descobrir se existe algum problema físico ou condição médica e tentar lidar com a sua situação. Como exemplo, alguma dor, o uso de roupas apertadas, o calor excessivo, ter frio ou estar à procura por algo.

O que fazer?

– Tente perceber o motivo pelo qual a pessoa procura deambular;

– No caso de estar agitada ou confusa tente tranquiliza-la e ajudá-la, se for necessário deambule com ela até que se acalme;

– Lembre-se de manter uma postura calma, tentando não contrariar este comportamento ou forçar a que pare;

– Procure garantir a sua segurança, não só dentro do espaço onde se encontra, mas também no exterior;

– Assegure que a pessoa tem sempre consigo alguma forma de identificação para o caso de se perder;

– Procure manter a pessoa ocupada com actividades que lhe sejam prazerosas, adequadas à sua condição clínica.

Revisão Clínica: Mariana Mateus