À medida que envelhecemos, assistimos a um declínio natural do funcionamento cognitivo – denominado de envelhecimento cognitivo fisiológico ou normal. Podemos ter mais dificuldade em evocar o nome de um objecto ou de uma pessoa, mas lembrarmo-nos dele mais tarde. Podemos perder as chaves ou a carteira de vez em quando ou sentir maior necessidade de escrever recados e listas para não nos esquecermos de informação importante. Estas falhas cognitivas são geralmente muito discretas e não perturbam o nível de funcionalidade/autonomia da pessoa.
O termo Défice Cognitivo Ligeiro (DCL) é utilizado quando estas alterações cognitivas são mais frequentes ou graves do que é expectável para a idade e para o nível de escolaridade do indivíduo.
Sintomas de DCL podem incluir:
- Dificuldade em realizar mais do que uma tarefa de cada vez;
- Dificuldade em resolver problemas mais complexos ou na tomada de decisões;
- Esquecimento de informação recente (eventos ou conversas recentes), por vezes levando a que a pessoa repita algumas vezes a mesma informação.
Apesar da existência destas alterações, as pessoas continuam a manter um nível de funcionalidade normal ou quase inalterado.
Assim, o DCL situa-se entre o envelhecimento normal e o envelhecimento patológico. Não se considera um funcionamento cognitivo completamente normal, no entanto, também não são preenchidos os critérios para um diagnóstico de demência.
A literatura demonstra que existe um risco considerável de um DCL evoluir para uma síndrome demencial (ex: Doença de Alzheimer). Estudos demonstram que um DCL do tipo amnésico (principal função afectada é a memória) mais provavelmente evoluirá para uma Doença de Alzheimer, enquanto que um DCL não amnésico tenderá a evoluir para outras demências tais como a variante comportamental da Degenerescência Lobar Fronto-Temporal ou a Demência com Corpos de Lewy.
No entanto, importa referir que nem todos os casos de DCL transitam para um quadro patológico – o estado cognitivo de uma pessoa com DCL pode manter-se estável durante vários anos. Infelizmente a ciência ainda não consegue prever se uma pessoa com DCL irá permanecer estável ou progredir para um quadro demencial.
A mensagem que os profissionais de saúde costumam deixar a uma pessoa recentemente diagnosticada com DCL é a seguinte: esperar pelo melhor mas ao mesmo tempo aceitar que o quadro poderá progredir.
É importante procurar informação e fazer planos para o caso de ter menos capacidade para o fazer no futuro. Como factores protectores do funcionamento cognitivo é importante:
- Manter ou intensificar a actividade física;
- Promover uma alimentação saudável;
- Manter a actividade mental (as interacções sociais são uma óptima forma de estimular o cérebro!);
- Manter uma atitude positiva (tentar evitar situações de stress, rodear-se de pessoas que o apoiem);
- Manter um acompanhamento médico frequente e adequado de modo a controlar factores de risco (ex: Hipertensão Arterial, diabetes, colesterol elevado, etc…)
- Estabelecer uma rotina.
Texto: NeuroSer