A fadiga é um dos efeitos mais comuns após um AVC, sendo um pouco diferente da fadiga que sentimos normalmente e que pode ter várias causas, como por exemplo, um dia muito cansativo.
Após o AVC as pessoas sentem uma diminuição de energia ou de força muscular, tendo uma sensação de cansaço constante, o que poderá influenciar a sua participação no seu processo de reabilitação, nas suas actividades do dia-a-dia, afectando assim a sua qualidade de vida.
Incidência
A fadiga é muitas vezes relatada pelas pessoas com AVC como o seu principal problema, podendo surgir logo após o AVC e manter-se por um curto ou longo período de tempo.
O seu aparecimento não está directamente relacionado com o tipo ou a gravidade do AVC, variando de caso para caso.
Causa
Não existe uma causa concreta para o aparecimento da fadiga e, por isso, algumas pessoas com AVC podem sentir e outras não.
No entanto, pensa-se que os factores físicos e emocionais que surgem após o AVC contribuem para o aparecimento da sensação de fadiga.
Fadiga vs. tempo de evolução pós-AVC
Numa fase inicial após o AVC, a reabilitação é intensiva, consumindo a maior parte da energia da pessoa, sendo muito comum a pessoa sentir-se cansada.
Ao longo do tempo, as alterações motoras associadas ao AVC levam a que a pessoa altere a forma como realiza as suas actividades de vida diária, consumindo energias diferentes. Estas alterações levam a que a pessoa se sinta mais cansada a realizar uma determinada tarefa, comparativamente com o período anterior ao AVC.
Fadiga vs. alterações emocionais
O aparecimento de sintomatologia depressiva ou ansiedade são comuns após um AVC. Muitas das pessoas que têm fadiga, sentem-se também deprimidas ou ansiosas.
É por isso importante estar atento às alterações emocionais que possam surgir e informar ao seu médico.
Fadiga vs. outros factores associados
Os problemas do sono (ex: insónias) ou perturbações do sono (ex: apneia do sono), problemas na alimentação, presença de anemia ou diabetes, poderão também contribuir para o surgimento da fadiga.
Alguns medicamentos poderão também ter como efeito secundário a fadiga, sendo importante informar-se com o seu médico dos mesmos.
Tratamento da Fadiga
Não existe nenhum medicamento específico para o tratamento da fadiga, no entanto, é importante conhecer algumas estratégias para lidar com a mesma:
- Informe o seu médico da situação: para que este o possa auxiliar a lidar com a fadiga e apurar possíveis causas para o seu surgimento.
- Lembre-se que é um problema comum: pode acontecer a qualquer pessoa após um AVC e não é culpa sua.
- Partilhe com os seus familiares e amigos o que sente: muitas vezes as pessoas em seu redor não percebem o que está a sentir. Partilhe para que estes o compreendam e consigam ajudar a lidar com este problema.
- Realize exercício físico regular: é importante manter a actividade física, tanto num contexto de intervenção, como no domicílio, pois irá auxiliar a lidar/diminuir o cansaço sentido. Lembre-se que o exercício deverá ser adaptado às suas capacidades motoras e limitações funcionais.
- Tenha em conta a alimentação e o sono: é fundamental realizar uma alimentação nutritiva e promover a rotina do sono.
- Procure ajuda: a fadiga poderá ser um problema perturbador e inquietante, procure ajuda e apoio junto da equipa de reabilitação que o está a acompanhar.
- Dê tempo ao tempo: lembre-se que este problema poderá perdurar ao longo do tempo, dificultando a realização das actividades de vida diária, sendo fundamental momentos de descanso entre as mesmas e realizá-las com tempo, tendo em conta as suas limitações funcionais e capacidades motoras.
- Festeje as suas vitórias: o processo de recuperação após um AVC é intensivo e muitas vezes de longa duração, levando por vezes à frustração e desânimo. Lembre-se por isso de festejar cada conquista alcançada.
Revisão Clínica: Mariana Mateus