O que é a neuroplasticidade?
A neuroplasticidade ou plasticidade neural, pode ser definida como a capacidade de adaptação do cérebro, em especial a dos neurónios, às mudanças que ocorrem no próprio cérebro e ao meio que rodeia o indivíduo. Esta adaptação e reorganização do cérebro é constante e ocorre durante toda a vida.
Durante muito tempo, julgou-se que o cérebro, após o período de desenvolvimento infantil e juvenil, se tornava numa estrutura rígida e que não poderia ser modificado. Do mesmo modo, acreditava-se que as lesões no sistema nervoso central seriam permanentes, pois as suas células não poderiam ser reconstituídas nem reorganizadas.
Hoje, sabe-se que o cérebro possui uma grande adaptabilidade e flexibilidade e que, mesmo no cérebro de um adulto idoso, existe plasticidade.
Como actua a plasticidade neural em casos de pessoas com AVC?
O modo como o cérebro se reorganiza e tenta compensar as funções afectadas pela lesão, pode ocorrer de diversas formas.
Uma delas é a chamada reorganização das áreas peri-lesionais. Isto significa, embora com limitações, que as células saudáveis adjacentes à lesão podem assumir parte da função dos neurónios danificados.
Uma outra forma de compensação da lesão, fruto da plasticidade neuronal, é reorganização das áreas contra-laterais. Trata-se da reorganização das áreas do hemisfério não lesado que tentam assumir as funções perdidas pelo AVC.
Esta reorganização cerebral é possível através de algumas mudanças fisiológicas e estruturais, como por exemplo, o aumento das dentrites e sinapses (ligações entre neurónios) e do aumento dos factores neurotróficos (substâncias essenciais à sobrevivência das células nervosas).
Quanto mais precisa for a reorganização das conexões restauradas, mais eficiente será a recuperação da função.
A recuperação de uma função, através da plasticidade cerebral, depende também de factores adicionais como:
- a intervenção médica imediata ao AVC,
- a localização e a extensão da lesão,
- a existência de lesões prévias
- a existência de um programa de reabilitação precoce.
Revisão Clínica: Inês Tello