Centro de Diagnóstico e Terapias: Alzheimer e Outras Patologias

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Livro “Viver com Alzheimer”

“Uma nova relação com o mundo”

 

Um diagnóstico de doença de Alzheimer tem, sem dúvida, um impacto muito significativo não só na pessoa, mas também na família mais próxima e pode provocar um enorme sentimento de perda e de solidão, ainda que as pessoas se mantenham fisicamente próxima. No entanto, tal não tem que ser necessariamente assim, sobretudo se se conseguir interiorizar e aceitar que o processo de evolução da doença mais do que “uma perda, o início de um fim, na realidade não implica mais do que aceitar que temos que começar a estabelecer uma relação com o mundo diferente daquela que conhecemos.

Para que tal seja possível, é realmente fundamental não só aceitar o diagnóstico, mas sobretudo aceitar que a vivência com o nosso ente querido irá mudando ao longo do tempo sem necessariamente antecipar que tudo terá que ser negativo.

No fundo, o importante é interiorizar que se trata de um momento de mudança e que pode, inclusivamente, ser uma oportunidade para estabelecermos uma nova relação com o nosso ente querido, que pode ser emocionalmente muito gratificante, sendo importante viver o presente de forma plena, pois “para ser feliz, mais importante do que não esquecer o que se fez, é ter uma relação plena com o que se faz aqui e agora.” Não quer dizer que seja fácil e que não possa existir sofrimento, mas é importante não condicionar toda a existência ao diagnóstico da doença.

Em resumo, perante o diagnóstico de doença de Alzheimer, devemos primeiro que tudo eliminar qualquer preconceito e ideia preconcebida. Devemos aceitar que a realidade que o nosso ente querido vai começar a viver, tal como a nossa, vai passar a ser diferente do que era, mas não a devemos julgar previamente de forma negativa, nem nos devemos projetar num futuro inexistente. Devemos tentar entender e compreender as bases da experiência que o nosso ente querido está a viver, ainda que em certa medida se afastem da nossa experiência da realidade. Se nos abrirmos à experiência presente nas dimensões da realidade externa que estamos a partilhar com o nosso ente querido e da transformação interna que se seguirá, a vivência do universo Alzheimer poderá revelar-se surpreendente e paradoxalmente enriquecedora.

 

Referências: O presente artigo foi baseado em alguns dos ensinamentos do livro “Viver com Alzheimer, o Amor não se esquece, conselhos de comunicação, adaptação e aceitação para quem cuida”, Dr. José Luis Molinuevo, edição e tradução portuguesa 2014, Editora Pergaminho

Notas sobre o autor do livro: O Dr. José Luis Molinuevo é médico neurologista, com actividade profissional no Hospital Clínic de Barcelona, onde dirige a unidade de Alzheimer, e na Fundació Pasqual Maragall, onde dirige o programa de investigação sobre a detecção precoce da doença de Alzheimer.