O papel do cuidador familiar no acompanhamento de pessoas com Alzheimer ou outras Patologias Neurológicas é indiscutível, sendo que, de acordo com um relatório da Organização Mundial de Saúde (OMS), a maior parte dos cuidadores familiares orgulha-se de assumir esse papel e identifica vários aspectos positivos, nomeadamente o companheirismo e a promoção de uma melhor qualidade de vida à pessoa de quem cuidam (motivações e consequências de cuidar).
No entanto, é importante não esquecer que cuidar de outro, e sobretudo de alguém com Alzheimer ou outra demência, é uma tarefa muito exigente, sendo fundamental que o cuidador também cuide de si para ganhar ânimo e forças para essa tarefa!
Algumas dicas importantes para o cuidador:
- Informar-se bem sobre a doença, mas evitar antecipar e projectar sintomas, isto é, evitar sofrer por antecipação, procurando adaptar os seus sentimentos à evolução da doença;
- Compreender bem os sintomas do presente para procurar estratégias que permitam lidar com os défices existentes;
- Evitar substituir a pessoa nas várias tarefas, pois o resultado será não só criar maior dependência da pessoa, mas também uma elevada sobrecarga, tanto do ponto de vista físico como emocional;
- Perceber que não está a educar, mas a providenciar que a pessoa possa manter o máximo de autonomia para realização de actividades de vida diária, durante o maior período de tempo possível;
- Aprender a cuidar de si enquanto pessoa, mantendo interesses e alguns hobbies, relacionando-se com amigos, entendendo os seus sentimentos e pedindo ajuda sempre que necessário;
- Não negligenciar a sua própria saúde, pois saiba que vários estudos mostram que os cuidadores têm maior risco de desenvolver doenças crónicas por não darem atenção à sua própria saúde;
- Procurar e aceitar ajuda, quando necessário evitando cair na “armadilha” de sentimentos de culpa ao procurar ajuda para cuidar, pois esse comportamento pode conduzir à exaustão e a piores cuidados.
Existem ainda muitos tabus em relação à demência e muitos sentimentos de culpa ao procurar e aceitar ajuda, seja ela formal ou informal. Lembre-se que não tem que ser assim e que ao cuidar de si, estará certamente a contribuir para um melhor cuidado do seu ente querido.
Referências: Alzheimer em 50 questões essenciais, Belina Nunes, Lidel – edições técnicas, Lda, 2014