Como se explica que as pessoas com doença de Alzheimer reconheçam uma canção que ouviam há muito tempo e não se lembrem do nome dos seus familiares?
Estudos recentes demonstram que as memórias musicais se conservam mesmo em fases mais avançadas da doença, pois as áreas cerebrais responsáveis pelas memórias musicais são diferentes das responsáveis pelas outras memórias. Embora também estas áreas sofram de atrofia cerebral, presente na doença de Alzheimer, neste caso dá-se de forma mais lenta e gradual.
A experiência de ouvir uma música é para o cérebro diferente de a recordar e em ambos os processos intervêm redes cerebrais diferentes. Os aspectos cruciais da memória musical são processados em áreas cerebrais que não são as que habitualmente estão associadas à memória episódica, à memória semântica e à memória autobiográfica.
As memórias que mais perduram são as que estão ligadas a uma vivência emocional intensa e a música está relacionada com as emoções.
É por isso possível que as pessoas com doença de Alzheimer não se lembrem do nome da música, mas como esta está associada a um momento marcante da sua vida, a recordem, a cantem e dancem ao ouvi-la, o que sucede mesmo nas fases mais avançadas da demência.
A música constitui assim uma “ferramenta” no acompanhamento destas pessoas e também uma forma de as fazer recordar momentos agradáveis, importantes e marcantes das suas vidas.
Revisão Clínica: Mariana Mateus