O que é a Neuropsicologia?
A Neuropsicologia encarrega-se de estudar o comportamento humano e a sua relação com o funcionamento cerebral. Por norma, um Neuropsicólogo realiza a sua formação de base em psicologia e, posteriormente, adquire conhecimentos mais específicos na área das neurociências.
Qual o papel da Neuropsicologia no diagnóstico das demências?
Ainda não nos é possível objectivar directamente o funcionamento cognitivo com recurso a um exame médico, apesar de todos os avanços tecnológicos terem tornado as técnicas imagiológicas muito mais sofisticadas. A avaliação neuropsicológica serve, em muitos casos, como um meio complementar de diagnóstico pois é muito sensível para detectar perturbações do funcionamento cognitivo.
Numa avaliação neuropsicológica, é pedido à pessoa que realize algumas tarefas para as quais é necessário recrutar uma ou mais funções cognitivas. Posteriormente, o seu padrão de desempenho nas várias tarefas é comparado com o desempenho médio de um grupo de pessoas sem patologia neurológica, com a mesma idade e com o mesmo nível de escolaridade.
Como sabemos, a Doença de Alzheimer e as restantes demências não afectam apenas o sistema cognitivo. Aliás, é muito frequente os doentes ou os seus familiares reportarem sintomas de apatia, tristeza ou ansiedade logo numa fase muito precoce da doença. Assim, o neuropsicólogo preocupa-se também em compreender a dimensão emocional do sujeito, podendo para isso conduzir uma conversa estruturada ou aplicar algumas escalas que permitem apreciar estas questões.
Finalmente, a avaliação neuropsicológica permite averiguar o nível de funcionalidade do indivíduo, o qual constitui um dos critérios de diagnóstico de uma demência. O objectivo é perceber quais as tarefas do dia-a-dia (profissionais, sociais, financeiras, domésticas, higiene) que já não são realizadas com tanta facilidade e que impacto é que isto tem na vida da pessoa (relações inter-pessoais, auto-estima, dinâmica familiar, etc…).
A Neuropsicologia tem um papel terapêutico nas demências?
Estudos demonstram que a estimulação cognitiva pode ajudar a desacelerar o ritmo da deterioração cognitiva na Doença de Alzheimer e outras demências. No entanto, para este efeito positivo se fazer sentir, as actividades devem ter algum significado para o indivíduo e devem aproximar-se o mais possível das suas tarefas do dia-a-dia.
Tal requer um conhecimento profundo da pessoa. Assim, antes de desenvolver e implementar qualquer plano de intervenção, o neuropsicólogo procura obter um retrato completo da pessoa (personalidade, vivências, papel na comunidade e na família) e do seu contexto social (familiares, amigos, profissionais de saúde) e tenta envolver todas estas pessoas no processo terapêutico.
Como sabemos, a demência é uma doença “da família” pois, para além de afectar quem dela sofre, tem um impacto devastador na vida das pessoas mais próximas. Assim, o papel do neuropsicólogo passa também por dar apoio aos cuidadores de pessoas com demência, escutando as suas preocupações e angústias e fornecendo toda a informação necessária para que estes possam ultrapassar os obstáculos que surgem diariamente em casa.