Os Corpos de Lewy – agentes patológicos que dão o nome a esta demência – foram identificados no início do século XX pelo neurologista Friedrich Lewy e são inclusões neuronais (agregados anormais de proteínas) que causam uma disfunção destas células nervosas.
O perfil clínico da Demência com Corpos de Lewy é caracterizado por uma deterioração do funcionamento cognitivo, principalmente ao nível da atenção, das funções executivas (as quais nos permitem planear, organizar e executar uma determinada tarefa) e da capacidade visuoespacial (percepção visual ou espacial). As alterações de memória podem não surgir na fase inicial, mas tornam-se evidentes com a evolução da doença. Estes sintomas têm necessariamente um impacto na funcionalidade da pessoa afectada.
Pelo menos um dos seguintes aspectos está também presente:
- Flutuações cognitivas – É caracterizado por alterações do estado de consciência e atenção, presença de discurso incoerente, sono excessivo durante o dia e incapacidade para reconhecer o ambiente. Estes episódios podem durar de segundos a dias e são intercalados por períodos de função quase normal.
- Alucinações visuais – Geralmente de pessoas/animais tridimensionais, totalmente formadas, que falam/interagem com a pessoa afectada.
- Parkinsonismo – Lentificação dos movimentos; tremor que ocorre em repouso; rigidez dos membros; instabilidade postural.
É comum a pessoa afectada ter também uma perturbação do sono REM manifestada pela ocorrência de sonhos vividos e movimentos complexos durante o sono (cair da cama, espernear, falar, rir à gargalhada).
A identificação deste tipo de demência é particularmente importante uma vez que a especificidade dos seus sintomas e o respectivo impacto ao nível da funcionalidade exigem uma intervenção diferente da de outras demências.