A informação disponível tende a focar-se nos aspectos negativos de cuidar de uma pessoa com demência, pois não existem dúvidas de que a sobrecarga do cuidador é um fenómeno real e verdadeiramente incapacitante. No entanto, de acordo com um relatório da Organização Mundial de Saúde (OMS), a maior parte dos cuidadores familiares orgulham-se de assumir esse papel e identificam vários aspectos positivos, nomeadamente o companheirismo e a promoção de uma melhor qualidade de vida. Para muitos, cuidar de uma pessoa com demência é gratificante e pode contribuir para sentimentos de utilidade e realização.
A afectividade parece ser o principal factor motivador para os cuidadores familiares. O amor pela pessoa que está a sofrer é a razão mais invocada para cuidar. Apenas uma percentagem muito pequena dos interrogados referem que cuidam porque não têm alternativa.
Ainda assim, importa não esquecer que o papel de cuidador familiar é exigente por várias razões, entre as quais:
- O tempo que é necessário despender no cuidado da pessoa afectada;
- A variedade e intensidade dos sintomas comportamentais e cognitivos que surgem;
- A necessidade de gerir outros papéis sociais para além do de cuidador (mãe/pai, mulher/marido, profissional).
Sabe-se que os cuidadores tendem a isolar-se socialmente devido à natureza exigente do seu papel. Por vezes geram-se conflitos familiares porque os respectivos membros não estão conscientes ou não reconhecem tudo aquilo que é exigido do cuidador principal. Estes também podem surgir quando existe a percepção por parte de um familiar de que a responsabilidade de cuidar não está a ser partilhada por todos. Os assuntos financeiros relacionados com o cuidado de uma pessoa com demência também podem originar alguns desentendimentos.
É muito importante que os cuidadores familiares também possam pedir ajuda, tanto para o cuidado formal, muitas vezes necessário, dos seus entes queridos, como para aliviar a sua sobrecarga e assim conseguir também manter a sua qualidade de vida e a qualidade das suas relações.
Link relatório OMS ‘Dementia: A public health priority’, em parceria com a Alzheimer’s Disease International.