Centro de Diagnóstico e Terapias: Alzheimer e Outras Patologias

Horário : Segunda a Sexta das 09h00 às 19h00
  Contacto : +351 21 750 6010 | info@neuroser.pt

O que é o Défice Cognitivo Ligeiro?

 

DCL

Défice Cognitivo Ligeiro (DCL) é uma entidade clínica que, em termos de gravidade, se situa entre o envelhecimento normal e a demência. Por um lado, o indivíduo com DCL tem um funcionamento cognitivo inferior ao que é expectável para a sua idade e nível de escolaridade; por outro lado, as suas alterações cognitivas/comportamentais não são suficientemente graves nem apresentam dificuldades significativas na realização das atividades de vida diária para preencher os critérios de diagnóstico de uma demência.

Podemos falar de dois tipos de Défice Cognitivo Ligeiro:

  1. DCL amnésico:

Caracteriza-se por alterações predominantemente ao nível da memória (por exemplo, esquecer-se de conversas recentes ou de compromissos dos quais tipicamente se lembraria), podendo ter envolvimento menos expressivo de outras funções cognitivas (múltiplos domínios) ou restringir-se apenas a essa função (domínio único).

O DCL amnésico é o tipo mais comum.

 

  1. DCL não amnésico:

Diz respeito a um declínio de outras funções cognitivas que não a memória (nomeadamente da atenção, do funcionamento executivo, da linguagem ou das capacidades visuoespaciais). Pode implicar uma maior dificuldade no processo de tomada de decisão e na capacidade de pensamento em geral. Pode também ser de domínio único ou de múltiplos domínios.

 

Quais as suas causas?

As causas do DCL ainda não são totalmente conhecidas. Estudos demonstram que alguns casos são resultantes das alterações cerebrais que ocorrem nas fases iniciais da Doença de Alzheimer ou outras demências. Os factores de risco são os mesmos que para a demência: idade, história familiar de demência e doença cardiovascular.

 

Como se detecta?

A própria pessoa pode começar a notar algumas diferenças, por exemplo, ao nível da memória, da capacidade de concentração ou do estado emocional. No entanto, é comum estas alterações serem desvalorizadas ou atribuídas ao processo de envelhecimento normal uma vez que são subtis e têm um início insidioso.

A pessoa pode começar a experienciar dificuldades na realização das tarefas mais complexas do dia-a-dia (por exemplo, gerir adequadamente as finanças ou realizar várias tarefas em simultâneo no trabalho), sendo que anteriormente realizava-as sem problema. Esta situação pode levar à procura de um médico.

O diagnóstico de DCL depende do julgamento clínico do médico – não existem métodos que nos permitam concluir que estamos na presença ou ausência de um DCL. O médico recolhe a história clínica do indivíduo e pode fazer algumas manobras no consultório para avaliar o funcionamento dos nervos, a coordenação, o equilíbrio e o estado cognitivo (entre outros aspectos). É importante considerar o testemunho de um familiar/amigo que contacte frequentemente com a pessoa, de modo a confirmar se existem ou não alterações nas suas atividades diárias. O médico pode pedir também um exame de imagem ao cérebro e análises ao sangue.

Pode ser requerida uma avaliação neuropsicológica para melhor caracterizar o quadro cognitivo, emocional e comportamental.

 

Qual a importância de um diagnóstico precoce?

Um diagnóstico de DCL acarreta um maior risco de se vir a desenvolver um quadro demencial no futuro. Estudos mostram que um DCL amnésico mais provavelmente evoluirá para uma Doença de Alzheimer, enquanto que um DCL não amnésico tenderá a evoluir para outras demências tais como a Demência Fronto-Temporal ou a Demência com Corpos de Lewy.

O diagnóstico permite um acompanhamento mais próximo e regular para monitorizar a evolução do quadro, ajustar a medicação que possa estar a interferir com o funcionamento cognitivo, controlar/reduzir/erradicar factores de risco – nomeadamente Hipertensão Arterial e Diabetes mellitus.

Após o diagnóstico, os especialistas recomendam que se faça uma reavaliação clínica a cada 6 meses, independentemente da evolução do sintomas.

A equipa clínica pode também recomendar um plano de intervenção que contemple estimulação cognitiva e exercício físico, com o intuito de manter a actividade e saúde cerebral.

É de referir que nem todos os casos de DCL evoluem para uma demência – alguns estabilizam e outros chegam mesmo a melhorar. Assim, após o diagnóstico, é importante manter ou adoptar comportamentos saudáveis (exercício físico, alimentação saudável, controlar factores de risco cardiovasculares), privilegiar as interacções sociais e procurar actividades/projectos desafiantes.

 

Revisão Clínica: Margarida Rebolo